Alguém
Pela rua, intrépido e calmo, ou não _
Não importa; passa
Quem passa, passa, vai
Ou volta.
E há um vulto na esquina
Ereto, atento.
Mas quem tem fé é cristão, é bento.
A música _ violão e viola _ o chapéu!...
No céu estrelas, óvni, beatas, véu...
A lua indiscreta,
Quieta!
Chora
Aurora no bar,
Um alento.
Há um vulto na esquina
Ereto, atento.
Cheiro de frutas, fim de feira.
Uma a uma as portas se movimentam
As lojas silenciam-se,
Alaridos distantes
Transito lento;
É sexta.
Há um vulto na esquina
Ereto, atento.
O poste inerte, ao pensamento indiferente,
O que ascende a luz?
Há brisa, há vento...
Passam-se horas, um minuto, dir-se-ia, eterno,
O filósofo invejaria tal cruz
_ homem de terno, lerdo!...
Tudo seduz, _ sol de inverno.
O verão tórrido daquele universo
O poeta o devoraria, verso a verso.
Há um vulto na esquina, alheio,
Ereto, atento. Feio!
Homem?
Ladrão, assassino, turista, pedófilo, ET, alma penada? Nada!
nada! nada!... nada.
Digo “bom dia!” disfarço e passo.
Se há é invisível o abraço
Apenas o laço, o salto do assalto.
Ele move a cabeça e ri, discretamente.
Veja só, coitado, também é gente.
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